Decoração é para todos

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Decoração é algo que mexe muito com a gente. Dificilmente alguém fica indiferente a esse assunto, porque de alguma forma a decoração revela traços muito importantes de todos nós. Revela nosso estilo de vida, assim como a maneira como dimensionamos o que é mais importante no ambiente que habitamos. Nossa casa é nosso templo, nosso lugar, uma extensão do nosso interior. Precisamos nos sentir bem e não há como negar que o lar é o melhor lugar do mundo. Não pode haver regras, uma vez que o bem estar é diferente para cada um de nós. Mas muitas pessoas sentem uma nuvem de dúvidas quando precisam decorar seu espaço. O que fazer, por onde começar? Eu diria que para dissipar essas nuvens que andam pra lá e pra cá, é preciso primeiro se destravar. Como? Leia a matéria abaixo. Vai te ajudar muito.

Regras na decoração. Pra quê?

Nunca encontrei essa resposta. Ao menos uma boa resposta que me convencesse de que elas são necessárias. Afinal, quem dita essas regras? As tendências do mercado, algum decorador da moda? Já imaginou se todos obedecessem as tais regras, que entediante seria entrar em cada ambiente e sentir aquela sensação de “déjà vu”? Ou pior, já prever o que vai encontrar? Chato não? Um coisa é você precisar de uma orientação, um ponto de partida para decorar ou mudar algo em seu ambiente, outra é seguir uma cartilha do que pode ou não pode. Isso é muito limitante. Só há uma regra que você deve obedecer: sua casa é seu espaço e você decora do jeito que preferir e que funciona para você. Se você quer dar prioridade à praticidade, invista nisso. Se prefere começar pela escolha das cores, ótimo. Siga sua intuição.

Comece esquecendo alguns “mantras” que por muitos anos foram bloqueadores da criatividade e fizeram muita gente pensar que somente profissionais da área da decoração tinham gabarito para dar a última palavra para aprovar um estilo de decoração. Até mesmos os decoradores mais conceituados do mercado (e são muitos) já abandonaram esses “mantras”, desconstruíram conceitos e com isso o mundo da decoração só saiu ganhando.

De que “mantras” estou falando? Vamos relembrar, para não cair neles de novo, a menos que você realmente queira, aí tudo bem.

Tudo tem que combinar com tudo

Sabe aquela fórmula de um sofá e duas poltronas, tudo no mesmo tecido e cor? Duas mesinhas laterais e uma de centro, todas do mesmo material? Isso faz pensar que você levou a vitrine completa da loja para casa com medo de errar. Erre para acertar. Abandonar a simetria não é pecado. Misture estilos, texturas e cores e dará mais vida e alegria ao ambiente. Isso não significa desequilibrar tudo, mas buscar um outro equilíbrio em que as peças, embora diferentes sejam harmoniosas entre si, resultando num “conjunto da obra” mais agradável.

Um sofá bem básico, uma poltrona estilo bergere, uma estilo art-déco, uma mesa de centro de madeira rústica, um armário estilo provençal bem antiguinho e uma luminária de chão contemporânea. Ouvindo falar desses “ingredientes” numa sala de estar, pode ser difícil de imaginar que seja possível e até soar estranho. Mas olhando o ambiente completo, vemos uma sala cheia de personalidade, onde a experiência valeu a pena. Portanto, se você tiver aquela armário herdado da sua avó (antes chamado de guarda-comida), use sem medo.

Muita cor enjoa

Será? Você já experimentou? Não teve coragem? Ok, não precisa pintar a sala inteira de uma cor mais vibrante, mas que uma cortina, uma poltrona, ou mesmo um sofá colorido dá uma aquecida no ambiente, isso dá. Há várias formas de investir em cores na decoração que não seja algo definitivo ou que envolva grandes investimentos. Você pode pintar uma única parede ou revesti-la com um papel de parede colorido. Pode fazer uma capa de tom vibrante para uma poltrona em destaque, ou pintar aquela mesinha lateral que anda meio sem graça na sua cor preferida. Hoje há muitos materiais e técnicas fáceis disponíveis no mercado. Almofadas coloridas também são ótima opção para colorir. Não é preciso usar o arco-iris inteiro no ambiente. O contrário também, a cor única, que torna o ambiente meio que asséptico deixa tudo muito estático . Certa vez fui jantar num apartamento cuja sala inteira era decorada com uma estampa floral marinho e branca. Digo inteira mesmo, desde cortinas, estofados, almofadas, papel de parede, tudo. Jantar na mesa, surpresa!! A louça era na mesma estampa. Quase me senti fora do contexto no meu pretinho básico, pois não era da mesma estampa rs. Acho que monocromia “aprisiona”. Se você sentir necessidade de mais coerência na escolha das cores, pode adotar uma paleta mais restrita com dois tons que te agradem, coordenando-as entre os objetos.

Aqui, dois exemplos para usar cor na sua sala. À esquerda, um ambiente onde as bases neutras são o chão, a parede, o tapete e as poltronas. O colorido foi pontual, mas em peças de grande presença, como o sofá e a cortina, além de objetos menores como a banqueta, luminária e pequenos vasos. Na outra foto, a escolha de uma paleta de 4 tons garantiu o colorido do ambiente apenas no tapete e alguns acessórios.

E se ficar cafona?

Como assim, cafona? Cafona é o que mesmo? Algo que te disseram que é cafona? Esqueça. Embora nem sempre apreciamos muitas coisas que vemos por aí no mundo da decoração, se alguém escolhe determinados estilos ou objetos, temos que compreender que aquilo faz um sentido para ela e pronto. O que a pessoa escolhe para ela faz parte de um universo que para ela é importante. Portanto, se você gostou daquela peça e acha que vão pensar que você tem um gosto duvidoso, não ligue, siga em frente e leve para casa. O próprio kitsch, termo de origem alemã para designar objetos tidos como de mau gosto por serem concebidos fora da estética mais apurada e sem qualidade, tem seu lugar ao sol quando usados intencionalmente como destaque num ambiente. Muitas vezes servem para dar um toque de bom humor na decoração. Portanto, liberte-se do conceito da cafonice, que na verdade não está escrito em lugar nenhum. Se você tem vontade de usar aquela toalha de plástico xadrez vermelho e rosa na sua cozinha, use. Flores de plástico? Nem sei se podem servir de exemplo, porque hoje as flores artificiais estão por toda a parte, até nas decorações de casamento. Pinguim de geladeira? Tenho o meu e não abro mão.

Nada mais exclusivo do que o objeto que você gosta, despido de preconceitos. Use a imaginação na hora da escolha do ambiente que vai coloca-lo e na forma de expor, que ele passará de cafona à peça rara.

Fica estranho misturar estilos

Bem, para mim estranho é não misturar. Um ambiente decorado num estilo só me soa como algo temático. Sabe, algo como se você escolhesse determinada coisa e não pudesse mais sair dela? Explicando, se uma pessoa opta pelo rústico, então tudo no ambiente tem que ser rústico: a mesa de madeira bruta, o tapete de sisal, as cortinas de juta, os lustres de ferro…. coisa mais chata isso. Para qualquer lado que se olhar, já se sabe o que vai ver. Graças a Deus essas regras estão cada vez menos populares. Convenhamos, seria um desperdício encostar aquela cristaleira provençal só porque seu sofá novo é ultra moderno, ou abrir mão do abajur art nouveau porque sua luminária de teto tem um design minimalista. Minha mesa lateral art déco convive muito bem com minhas poltronas Corbusier e um sofá bem básico. Misture sem medo aquilo que te faz feliz. Também não misture só porque disseram que tem que misturar. Dose a mistura da maneira que o resultado agrade deus olhos. Se fica r na dúvida, tente a proporção dos 80% para 20%. Escolha o estilo que mais tenha a ver com você dentro dos 80% e tempere o restante com 20% . O resultado pode ficar bem interessante.

Veja o resultado final do mix de estilos nesse living. Os estilos são vários, mas a paleta de cores consegui ser um ótimo denominador comum para o ambiente. O sofá Chesterfield de veludo verde convive muito bem com a mesa lateral art déco, enquanto poltrona art nouveau divide o espaço com a cadeira contemporânea. A mesa de centro dá um toque lúdico ao ambiente.

Móveis transparentes aumentam o espaço

Hummmmm…. depende. Não é bem assim. Algumas peças pontuais podem dar uma leveza e contribuir para não poluir tanto um ambiente pequeno. Mas é preciso dosar para que o excesso de transparência não acabe resultando no efeito contrário. O olhar acaba encontrando rápida e inevitavelmente os limites do espaço, pois provoca quase uma visão de raio X. Claro, se você como eu tem uma paixão pelas cadeiras Ghost de Philippe Starck, deve usar sem dúvida. Mas evite que elas se “percam”, colocando-as em volta de uma mesa mais densa, como madeira, por exemplo. Hoje até já existe a Ghost na versão Black. Costumam dizer que mesas de centro transparentes permitem que o tapete seja melhor visualizado. Pode até ser, mas a mesa também precisa ser identificada, dizer que “está ali”. Nesse caso você pode optar por uma mesa de centro com molduras de metal ou de madeira, ou com uma base sólida visível. O mesmo vale para espelhos, tidos como peças que aumentam o ambiente. Até certo ponto, pois também pode duplicar a sensação de espaço pequeno.

A mesa de centro da foto cumpre todo o papel. Trás leveza, utilidade e marca presença pelas molduras de metal dourado. Olha Ghost aí deixando ver a escrivaninha de época inteira. Ponto para ela.

Paredes estampadas só em grandes espaços

Imaginem quantas paredes perderam oportunidades de se mostrarem belas por causa dessa regra! Espaços pequenos costumam se negligenciados por causa disso. E quando pensamos em pequenos espaços, logo vem à mente lavabos e halls de entrada. Esses locais merecem toda a atenção. Enquanto o hall de entrada é um cartão de visita, o lavabo é um lugar de privacidade total. Não é uma parede estampada que vai torna-lo menor do que é e afinal, quanto tempo uma pessoa permanece dentro de um lavabo a ponto da estampa “cansar”? A mesma coisa vale para o hall, um ambiente de passagem. Tanto um quanto outro, com uma iluminação adequada ficam muito agradáveis.

Veja dois exemplos de lavabos com estampas. Um, floral com motivo Chinoiserie , colorido, contrastando com a louça e espelho de linhas mais clássicas. O outro, com estampa “animal print”, é iluminado por par de arandelas que aconchegaram ainda mais o ambiente. No caso do hall de entrada, as opções também são infinitas. Temos aqui um mais sóbrio, em preto e branco, porém não menos impactante, e outro com uma proposta mais colorida, como se o jardim adentrasse o hall.

A ausência de regras na decoração trás um grande alívio para quem quer decorar e está sem coragem, com medo de errar. Busque, brinque, troque, mude de lugar. Não existe erro em decoração, a menos que o resultado final não te agrade ou não esteja funcionando para você. A única regra é que seu espaço tem que ter sua personalidade. Tem que haver um equilíbrio? Pode ser, mas tem que ser o SEU equilíbrio.

Divirta-se passeando e se inspirando nas categorias: Inspiração da semana e Decoração pelo mundo.

Obs.: Imagens colhidas da Internet. Caso as identifique como suas, por favor entre em contato que daremos os devidos créditos, ou removeremos se assim desejar.